O conceito de paisagem é bastante utilizado por estudiosos de diferentes áreas do saber apresentando inúmeras possibilidades de ações de extensão, pesquisas abordagens. Em linhas gerais, a paisagem pode ser percebida como o produto da relação com o meio no qual o homem vive abarcando diferentes temporalidades e espaços permitindo um olhar específico a partir das marcas e vestígios encontrados.

A ideia de paisagem tendo como sentido a imagem no mundo contemporâneo pode ser compreendida por sua interseção com o urbanismo enquanto uma das chaves para uma mudança qualitativa da sociedade e da vida humana. Em um mundo globalizado, onde se diferenciar adquire importância a cada dia, as pessoas (turistas e residentes) esperam vivenciar experiências turísticas que se adaptem às suas necessidades, sua situação pessoal, seus desejos e preferências.

Assim, a possibilidade de contemplar os atrativos turísticos tanto por sua paisagem quanto buscar harmonizar o corpo com a mente por intermédio da yoga a partir de técnicas de respiração (pranayamas), da realização de posturas (ásanas) e da meditação pode permitir o conhecimento diferenciado. Em tempos de ritmo acelerado, a prática regular de yoga nos diferentes espaços visitados pode melhorar a reação das pessoas diante das atividades cotidianas e do estresse existente a partir de mudanças positivas nos domínios físico e mental.

O ato de contemplar tem a marca da admiração feita de maneira concentrada o que pode permitir a observação atenta de uma paisagem. Além disso, a contemplação pode possibilitar a reflexão por intermédio do recolhimento e da meditação como, por exemplo, a yoga que está relacionada com as técnicas de respiração (pranayamas) e a realização de posturas (ásanas). Frequentemente, o turismo contemplativo está intimamente ligado ao turismo de natureza e ao ecoturismo. (SCHWAB, C. B.; PEREIRA, T. N. C.; MARTINS, G.; DALCHIAVON, 2012.).

Figura 1 – Cristo Redentor visto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro


Todavia, na sociedade pós-industrial, cada vez mais, o turismo contemplativo surge como uma alternativa inovadora que se adapta de forma muito conveniente às características culturais e ambientais em diferentes cidades. Neste sentido, a urbanização enquanto o crescimento das cidades, tanto em população quanto em extensão territorial..Certamente, por isso, Choay (CHOAY,2015) considera que o urbanismo deva ser mais humano e menos teórico uma vez que as cidades são formas espaciais produzidas socialmente e este processo de transformação constante que interessam aos residentes e aos turistas que as visitam. O comportamento do consumidor de experiências turísticas vem mudando e com isso novas motivações de visitações e expectativas que precisam ser atendidas.

Existe um consenso de que as atividades físicas promovem benefícios aos seus praticantes. Portanto, a promoção da saúde por meio dessas atividades é crescente, assim como as práticas corporais alternativas em suas diversas propostas. A yoga é uma opção para as pessoas que buscam força, resistência, flexibilidade, equilíbrio, controle emocional e autoconhecimento. (SHIRAISHI, 2013. p.1). Vale destacar que existem mais de vinte e cinco tipos ou modalidades de yoga. A hatha yoga tem se difundido fortemente no Ocidente, com ênfase no corpo como instrumento de desenvolvimento humano e autoaperfeiçoamento. A expectativa é que a atividade possa ser desenvolvida em academias, estúdios, universidades, ginásios e ao ar livre em parques e quadras poliesportivas (HERMÓGENES, 2010).

Figura 2 – Prática da Yoga em paisagem marcada pelo mar e o pôr do sol

Em 2025, dou continuidade a um projeto de pesquisa intitulado Nas Ondas do Bem-Estar: Desafios e Perspectivas sobre o Rio de Janeiro enquanto destino turístico (RJ). Em linhas gerais é possível considerar que a reunião dos elementos que podem contribuir para a geração de satisfação, tais como: saúde, segurança, estabilidade financeira e conforto associados à disposição física, psicológica e até mesmo espiritual pode ser entendida como bem-estar. Recentemente, no contexto impactado pela pandemia da COVID-19 –  iniciada em 2020 –  a busca por práticas que possam elevar os níveis de bem-estar tem sido uma constante na vida das pessoas, inclusive ao associar este ao sentido de felicidade.  Neste sentido, após a vacinação para conter a pandemia observa-se que a realização de viagens para lugares que permitam distanciamento da rotina da casa, ou mesmo a visitação para lazer dos atrativos turísticos na própria cidade em que se vive, podem ser maneiras de se elevar os níveis de bem-estar.  Durante essas experiências de lazer e turismo, diferentes emoções podem ser vivenciadas enquanto algo transformacional. Muitas vezes, o compartilhamento dessas percepções nos relatos através de registros escritos disponíveis nas redes sociais e nas produções bibliográficas podem ser decisivos para que outras pessoas também queiram vivenciar práticas relacionadas aos espaços turísticos dos destinos. 

Tem curiosidade sobre o tema? Então assista o podcast Turismo como um caminho para a felicidade com texto de minha autoria e da bolsista de Iniciação Científica-CNPq, Rayssa Marinho (graduanda do curso de Turismo da UNIRIO) e que também fez a locução e edição do material.

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REFERÊNCIAS

CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e Realidades – Uma Antologia. São Paulo: Perspectiva, 2015.

HERMÓGENES, J. Autoperfeitção com Hatha Yoga. Rio de Janeiro: Nova Era, 2010.

SCHWAB, C. B.; PEREIRA, T. N. C.; MARTINS, G.; DALCHIAVON, L. A Paisagem como Produto Turístico: Turismo Contemplativo na Região de Santa Vitória do Palmar – RS. Anais do VII Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul. Turismo e Paisagem: relação complexa. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, novembro de 2012. p.1-15. 

SHIRAISHI, J. C. Perfil dos Praticantes de Ioga em um ambiente universitário. Rev. Ciênc. Ext. v.9, n.3, 2013, p.53-60.