Belchior, o musical: ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro está em cartaz no Teatro Claro em Copacabana (antigo Teatro Teresa Raquel, no Shopping dos Antiquários) durante o mês de junho de 2024. A peça tem o patrocínio da Infraero Aeroportos via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do Ministério da Cultura (Governo Federal).
A direção do espetáculo é de Pedro Cadore, o papel de Belchior está sob responsabilidade do talentoso e afinado ator, Pablo Paleólogo, que tem como companheiro de cena, o carismático e exímio empinador de pipa, o jovem Bruno Suzano. A música ao vivo é um dos pontos altos do espetáculo a ser destacado contando com a performance de músicos engajados e descontraídos no palco, Emília Rodrigues (bateria), Rico Farias (guitarra), Silvia Autuori (baixo/violino) e Thomás Lenny(teclado),sob a direção musical de Pedro Nêgo. Toda a movimentação tem tradução simultânea em libras numa preocupação com a acessibilidade de pessoas com deficiência auditiva.
Em 15 de junho (sábado), na sessão das 17h, a maioria da plateia era formada pelo eternos fãs de Belchior (1946-2017) que, durante a encenação, vibraram com as mais de quinze músicas que foram executadas, cantaram junto com o atores e, ao final, dançaram embalados pela nostalgia do cantor homenageado. Vale destacar que a qualidade técnica do som estava perfeita e fazia jus ao repertório selecionado.
A peça não se propõe a contar a vida de Belchior e, certamente, essa escolha pode ter sido feita porque a vida do artista foi marcada por episódios delicados, em alguns casos, bastante ruidosos. Portanto, permita-se viajar pelos tempos em que ele passou no monastério, quando ensaiou abraçar a carreira religiosa, e acompanhe seus momentos de reclusão que marcaram os últimos anos de sua vida num contínuo drible à imprensa .
Estamos diante de uma peça marcada pela música que demonstra profundo mergulho nos trejeitos cênicos de Belchior, que parecem exagerados na concepção atual de espetáculo. Por fim, em certo momento da peça, quando o ator teve uma fala sobre a democracia, alguém gritou de forma anônima no silêncio do teatro “criança (menina) não é mãe”. No momento dos agradecimentos, de maneira franca, o ator Pablo Paleólogo se posicionou de maneira critica aos novos ataques aos direitos das pessoas que sofrem violência sexual (Projeto de Lei 1904/2024). O público ouviu atentamente e aplaudiu a fala dele. Lembre-se que só a cultura expulsa coisas ruins das pessoas!